A classe teatral está de luto e junto com ela, todos nós, tristes pela morte de um grande ator: Ítalo Rossi. Com uma bagagem de mais de 450 montagens só no teleteatro, 5 prêmios de melhor ator sendo 4 o "Molière", considerado o mais importante do teatro brasileiro, inúmeros filmes e novelas, foi vencido pelas "complicações respiratórias". Fumante até há bem pouco tempo, tinha parado ano passado por ordens médicas, preparava-se para mais uma montagem, desta vez como diretor. Era incansável e muito querido por todos. Na Tv, recebeu de Miguel Fallabella, Seu Ladir escrito especialmente para ele e o bordão "É MARA", caindo no gosto popular e mais uma vez demonstrando a generosidade de um ator que não recusava papéis e sim, tornava os coadjuvantes que lhe impunham destaque em qualquer trabalho.
Em tempos do culto à juventude, dos rostos bonitos, da incansável procura pelo talento, perdemos Paulo Autran, Fernando Torres e outros maravilhosos atores e atrizes que faziam do teatro,cinema,tv, circo e até mesmo do rádio um palco para nos deslumbrar.O que substitui o talento, a garra, a voz rouca, o olhar às vezes insandecido de um Ítalo Rossi? Só consigo lembrar dos meus tempos de estudante de teatro e de um genial amigo, Sérgio e seu comentário sobre "Quatro vezes Beckett", Um dos trabalhos mais incríveis deste mestre:
-Mas ele passa a maior parte do tempo só com a cabeça à mostra, isso dá Moliére???
Obviamente jovens estudantes cheios de energia e de Nélson Rodrigues e Stanislavski na cabeça, não perceberíamos jamais as nuances, a mímica, o trabalho de composição e tudo o que envolvia aquela montagem. Somente a experiência e muita sensibilidade para perceber a dificuldade daquele grande trabalho, mas isso só o tempo nos dá, quando temos sorte e humildade para aprender.
Aliás, antes que eu me esqueça, ele levou o Molière como melhor ator por aquele trabalho.
Boa noite, mestre:
Jorge Ricardo
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