Pode parecer apenas um filme de ação, vendido desta forma pois hoje, bilheteria é o termômetro do sucesso.O filme é "O Preço do amanhã". Seria aconselhável não subestimar o diretor, roteirista e produtor Andrew Niccol já que ele compõe um painel extremamente atual do mundo em que vivemos. Vamos ao básico: no futuro o gene do envelhecimento é desligado, humanos possuem um leitor no braço e podem se tornar imortais, porém o tempo virou a unidade monetária, todos vivem até os 25 anos e ganham mais um ano e cada vez precisam trabalhar mais para poder viver. Alguém sentiu um aroma de Karl Marx no ar? Pode parecer óbvio e acaba sendo interessante já que o tempo hoje para todos nós já é moeda de troca. Sem pieguice trabalha-se hoje cada vez mais em prol de uma classe vivendo em um mundo surreal, luxuoso e impenetrável, ou seja como no filme o personagem de Justin Timberlake corre contra o tempo para sobreviver, envolve-se com a filha do magnata/ vilão e num momento de pura filosofia acaba ganhando um século de vida, de um estranho ao gueto, onde os pobres vivem, que com 108 anos diz não aguentar mais viver.
Como todo filme de ação o mocinho foge o tempo todo, vive momentos românticos com Amanda Seyfried, que aos poucos toma consciência do seu falso mundo de conto de fadas e procura ganhar tempo, literalmente, enquanto mergulhamos em um mundo que na verdade é o nosso sistema financeiro, onde uns nascem com séculos de vida pela frente, enquanto outros só possuem 24 horas e precisam lutar, trabalhar ou roubar para não morrer. Nada poderia ser mais atual e o elenco de apoio possui os talentos de Olivia Wilde e Ciàran Hinds. O casal central não decepciona, Justin Timberlake confere veracidade ao papel e Amanda Seyfried mantém a frieza necessária ao papel. Ao mesmo tempo, o filme poderia com tantas cartas na manga, ser mais reflexão e menos ação, mas isso é claro, vai depender do comprometimento de cada um e da visão dos frequentadores do cinemão-pipoca, que não gostam muito de tramas um pouquinho mais densas.
O filme é imperdível para quem está conectado com o nosso mundo globalizado, as diferenças sociais gritantes, o caos financeiro e o nosso tempo que sem piada, vale ouro. Mais pontos, ou horas se necessário, para um diretor que já nos deu "Gattaca, experiência genética" e que sempre procurou espetar o que todo mundo vê e poucos se dão conta, como são preciosos nossos minutos, horas e dias que muitas vezes insistimos em ignorar com questões mesquinhas e sem sentido. Valeu Sr. Niccol!!
Jorge Ricardo.
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