Enquanto 12 participantes competem por 1,5 milhão de reais, uma outra disputa tem lugar dentro da casa do programa Big Brother
Brasil: entre provas de líder e paredões, os patrocinadores também
querem um lugar ao sol – e precisam de criatividade e ousadia para
chegar lá.
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| Ação Minuano - 10ª edição |
O patrocínio no programa tem uma dinâmica própria. A decisão sobre como
serão as ações das marcas dentro da casa inclui a produção do programa,
além do cliente e da agência de publicidade. E qualquer deslize cai nas
redes sociais.
“As empresas ainda apostam muito porque dá visibilidade para as
marcas”, disse Júlio Moreira, professor de branding da pós-graduação da
comunicação da ESPM. E a visibilidade vem no começo do ano, quando não
há grandes ações ou datas comemorativas. A marca tem que ver se terá um
dano com seu publico alvo, se for uma marca mais premium corre alguns
riscos, segundo Moreira.
As empresas acreditam que o retorno não traz arranhões significativos.
“Mesmo quem não gosta (de Big Brother) e não assiste não cria uma visão
negativa da marca”, disse Maria Lúcia Antônio, gerente de publicidade da
Fiat,
marca que patrocina o programa desde a primeira edição. Veja as
principais estratégias dos patrocinadores para não perder seu lugar na
casa:
1) Estar aberto para correr riscos
A prova do Minuano, em 2010, foi bastante comentada nas redes sociais.
Como os participantes estavam vestidos de esponja de aço e tinham que
dançar o jingle do produto além de receber um banho de água com espuma,
muitos reclamaram de ardência nos olhos e ressecamento da pele. Esse
tipo de repercussão foge do controle do anunciante. Algo parecido
aconteceu com o Guaraná
Antártica, em uma prova em que alguns participantes tiveram que tomar
vários copos da bebida – e nem todos ficaram satisfeitos.
Para Márcio Oliveira, vice presidente de operações da Lew’Lara/TBWA (a
agência foi parceira do Minuano no BBB em 2010 e da Nova Schin em 2008),
a ação foi impecável do ponto de vista de comunicação e deu bons
resultados para a marca. “Na prova da Super Bonder (geralmente a prova
final, em que os participantes ficam colados a alguma superfície) o cara
pode despencar ao vivo. Você sempre vai correr um certo risco”, disse
sem considerar isso um problema. “Você não tem muito controle, a graça
também está aí. É um negócio dinâmico”, disse Oliveira.
2) Conhecer a dinâmica única do programa
O Big Brother tem seus dias de destaque: terças-feiras, quintas-feiras e
domingos. Nesses dias acontecem os eventos mais importantes do enredo,
como a definição de quem poderá ser eliminado, a eliminação em si e a
definição do líder.
“A casa começa cheia e termina vazia”, disse Oliveira. Então, no começo,
o importante é a socialização, o que significa, para os patrocinadores,
ter presença nas festas, segundo Oliveira. No final, com menos
participantes, o foco passa a ser na prova que define quem será o líder
da semana. “Você não define, você sugere a estratégia, mas não compra um
merchandising encaixado como página em revista”, disse Oliveira.
3) Competir com outros merchandisings
“É o seu produto versus os outros merchandisings”, disse Oliveira.
Algumas edições do programa tiveram cerca de 30 ações de patrocínio,
entre os cotistas e os patrocinadores menores. Para se destacar, é
necessário usar a criatividade. “Para você não sumir tem que fazer algo
que ganhe notoriedade, apareça e seja lembrado”, disse Oliveira. “Não
basta ter um produto ele tem que ter uma ação relevante na casa”, disse
Oliveira.
Oliveira destacou que a ação do Minuano lhe rendeu – em tempo de
exposição e lembrança pelo consumidor – status de patrocinador cotista,
sendo que a marca comprou três ações no programa.
4) Usar (muito) a criatividade
Uma das sugestões da Lew’Lara/TBWA em 2008, para o merchandising da
Nova Schin, foi substituir o filtro de água por garrafinhas de água
mineral da marca – e dar, em alguns momentos, refrigerantes para os
participantes. “Não importa a edição, sempre vazava um rótulo”, disse
Oliveira.
Já houve patrocinador cuja marca aparecia na televisão através da qual o
apresentador Pedro Bial conversa com os participantes – uma forma de
aparecer todos os dias durante a duração do programa. “Ao comprar espaço
também corre o risco de não ser lembrado. Fazer algo criativo é
fundamento”, disse Oliveira.
“Hoje é muito difícil se destacar nos comerciais. Em um programa desse
você tem a chance de se destacar de forma diferente, não é que nem
dentro de novela...”, disse segundo Maria Lúcia Antônio, da Fiat.
5) Investir em interatividade
Na 5ª edição do programa, um dos participantes não ganhou um carro da
Fiat, de uma das ações da marca no programa. Uma senhora de Juiz de Fora
mandou uma carta para a Fiat pedindo que dessem um carro para ele,
porque ele era carismático – e mineiro. E esse não foi um caso isolado,
segundo a gerente de publicidade da Fiat. “ As pessoas interagem com a
marca o carro o programa”, disse.
A gerente destacou a interatividade como uma característica que entrou
nas provas da Fiat no programa nos últimos 11 anos. Em uma das provas, o
público decidia, pela internet, qual o clima no ambiente onde estava um
carro da marca, se chuva, frio, ventania... “O maior desafio é fazer
provas que prendam a atenção do consumidor e sejam televisivas”, disse a
gerente. A Fiat já estreou no programa ontem com a primeira prova desse
Big Brother - em que os aspirantes a lider deveriam permanecer dentro
de um carro da marca. “É uma prova que já fizemos outras vezes, mas
costuma causar bastante impacto”, disse a gerente.
Por Rosana Cidade
Fonte: Exame Online

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