sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O QUE SERIA DO MUNDO COM UM BERÇÁRIO AO LADO DO LIXÃO DE GRAMACHO?


Durante a semana, divulgamos a palestra ECOINOVAÇÃO - O Design como Ferramenta de Transformação do Futuro patrocinada pela Casa do Saber e realizada no Casa Shopping na Barra da Tijuca. Para quem não teve tempo ou não pode comparecer, fomos ouvir o Palestrante Fred Gelli e traz aqui para você em primeira mão, um resumo:


Fred Gelli é professor do departamento de Design da PUC, onde ministra os cursos de Ecoinovação e Biomimética, além de ganhador de vários prêmios nacionais e internacionais, sócio-diretor de Criação da Tátil. Também vencedor da logomarca das Olimpiadas e das Paralimpicas - Rio 2016.





Nosso palestrante explicou que a Ecoinovação e a Biomimética tem sua inspiração na Natureza. Tal  fundamento nos leva a pensar como a Natureza embala as coisas e como a flora e a fauna se relacionam com a mesma? O bebê na barriga da mãe, cascas de frutas, sementes, flores, peixes, corais fazem corar de inveja nossas caixinhas Tetrapak. 


Ou seja, a Natureza segue os princípios da Otimização, Ciclo e Interdependência. Do outro lado, nos perdemos na Maximização, Consumo e Independência, pois enxergamos o mundo de forma fragmentada.

 
 Existem tendências bem claras que podem ser identificadas nessa corrente do Design - Ecoinovador, que são:
  • Biomimética (inspiração nas soluções da Natureza)
  • Desmaterialização (imaterialidade/destruição criativa)
  • Compartilhamento (diversidade)
Um dos pontos altos dessa corrente é priorizar a desmaterialização, onde torna-se necessário mudar os átomos pelos bits. Foram citadas várias empresas que não aceitam um crescimento de apenas 30%, em seus lucros, quando na verdade a natureza não cresce ininterruptamente.



A proposta da eco-inovação é pensar sempre no futuro do planeta e redesenhar a nossa relação com o mesmo, pois segundo o nosso palestrante, quem mais sofre somos nós, que como bebês curiosos, acabamos por explorar uma sala  cheia de cristais. Ao derrubá-los com a nossa falta de cuidado e inexperiência, acabamos por nos machucar seriamente.



Durante a palestra, ficou claro que o novo papel do Design/Designer é algo que transcende estilo, marca, funcionalidade e concepção de modelos tridimensionais. Ao Designer Ecoinovador lhe é atribuído a responsabilidade bio-sócio-ambiental e a partir desta perspectiva é que se pensa soluções para os usos do dia-a-dia.

Difícil dizer o que acontecerá com o futuro do Design e das pessoas. Durante a palestra surgiram perguntas bem apropriadas: como se dá a experiência sensorial em tempos de imaterialidade? como as pessoas se relacionam em tempos de facebook (que já é o "terceiro país" mais populoso do mundo)? Essa pergunta trouxe à tona o fato de sermos nostálgicos por natureza e procurarmos no passado, as respostas para um futuro ainda incerto. Neste caso o equilíbrio se dá de forma natural, pois todos tem o seu espaço e não existe a probabilidade de pensar as opções, pois cada um reage conforme suas limitações e não é segredo o pessimismo que acompanha qualquer descoberta ou inovação. O rádio não acabou com a chegada do cinema, e este não perdeu seu espaço para a televisão. Harmonia e convivência pacífica é a resposta, onde todos tem o seu lugar.

"A Internet é a base da revolução da humanidade", esta frase impactante dita ao longo da palestra, tem a ver com o pensar coletivo e o compartilhar, pois no futuro seremos "Desfrutadores" e não consumidores, ganhando perspectivas de um mundo mais interativo e participativo, além de obviamente muito melhor.

"Somos vítimas das nossas próprias idéias". Fred ressaltou a todo momento a importância do somar conhecimento, usou com exemplo a Wikipedia, a tendência da criação coletiva e da diversidade como sinal de fortalecimento e que a natureza coopera e não compete com a raça humana. Gerar valor para as pessoas, em um futuro em que o capitalismo precisa ser redesenhado.

A palestra foi reflexiva, o conceito de "Design Universal" engloba todos dentro de um ciclo onde as soluções precisam ser desenhadas para todos e idéias para todos poderem desfrutar. É a inclusão social, a responsabilidade de construir um prédio com escadas belíssimas na frente e uma rampa escondida para os cadeirantes, um dos tantos exemplos de exclusão que lidamos diariamente e que precisa ser repensado com urgência.


"Temos que reculturar", inspirador e sempre hipnótico, Fred Gelli brincou agradecendo o fato de não terem patenteado a Internet e chamou o Google de "O Oráculo da humanidade", com um sorriso nos lábios disse pretender desenhar o "I Phone Eternity", pois é impraticável a velocidade que os aparelhos são disponibilizados no mercado e rapidamente descartados. Um aparelho com 2 anos acaba sendo "Vintage" e é indispensável acabar com o poluísmo criativo.

Isso nos faz pensar que precisamos alterar nossa geografia mental, nossa forma de usar os bens materiais e imateriais. Precisamos entender ou assimilar os ecossistemas em nossas vidas, em nossa sociedade. Entender que o topo da cadeia alimentar é uma posição relativa, que existe o  movimento do ciclo da vida e que nascimento, berçário, lixo e morte são apenas estágios que se completam e se confundem na Natureza. 

Material gentilmente cedido pelo blog www.retroartte.com

Um comentário:

  1. Realmente se somos seres humanos e superiores, cabe a nós a usarmos a indústria e o desgin como forma de nos integrarmos a natureza. Os recursos são finitos e não temos o "direito natural" de esgotá-los. Afinal precisamos pensar nas gerações futuras.

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