segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sobre Homens e Deuses.

O diretor Xavier Beauvois inspirou-se em um fato real para construir um excelente tratado sobre convicção religiosa e intolerância. Silêncio, cantos litúrgicos e atuações primorosas de Michael Lonsdale e Lambert Wilson povoam um monastério em montanhas argelinas, em contato direto com fundamentalistas islâmicos extremamente violentos. Este é apenas o ponto de partida para uma discussão, onde oito monges trapistas franceses convivem pacificamente com a população local e procuram através de uma fé inabalável, a resposta para as diferenças tão discutidas entre os seres humanos. Não é um filme com ritmo acelerado e pode ser considerado chato, pelos adeptos do bom e eficiente "Blockbuster", porém nos coloca diante de homens que acreditam em seus rituais, na força de suas orações, na harmonia e acima de tudo em princípios.
Com a Palma de Ouro em Cannes e o César de Melhor filme no currículo, o filme foi ignorado pela Academia de Artes e Ciências de Hollywood e não ficou entre os cinco finalistas a "Melhor filme estrangeiro". Não é realmente um filme comercial e o assunto é um tanto incômodo, áspero até. Resta a esperança daqueles que fogem ao padrão e ao óbvio e irão encontrar um motivo para reflexão, sem importar os longos silêncios, as dúvidas, os medos e acima de tudo saborear dentro de tudo isso "O Lago dos Cisnes" de Tchaikowsky, com esses homens acima de tudo, humanos e conscientes do perigo que os ronda a cada minuto. Imperdível.

                                                                                                                                                       Jorge Ricardo.

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